
DR LUIGI FERNANDO
Psiquiatra
Clorpromazina
Detalhes:
Tipo:
Antipsicótico típico
Classe:
Antagonista de receptores dopaminérgicos (D2)
Opções comerciais:
Referência:
Amplictil (Sanofi)
Similares:
Clorpromazina (EMS): Comprimidos (25 mg, 100 mg); Clorpromazina (Medley): Comprimidos (25 mg, 100 mg)
Resumo da Medicação: Clorpromazina
1. Como a Clorpromazina funciona no corpo
A Clorpromazina é um medicamento antipsicótico típico da classe das fenotiazinas, utilizado para tratar transtornos psiquiátricos e outras condições. Ela atua bloqueando os receptores de dopamina (D2) no cérebro, reduzindo a hiperatividade desse neurotransmissor, que está associada a sintomas como delírios, alucinações e agitação. Além disso, a Clorpromazina também tem efeitos sedativos e antieméticos (reduz náuseas e vômitos).
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2. Indicações principais
A Clorpromazina é indicada para tratar:
- Esquizofrenia e transtornos psicóticos: Redução de sintomas como delírios, alucinações e agitação.
- Transtorno bipolar: Controle de episódios maníacos e agitação psicomotora.
- Náuseas e vômitos graves: Em casos em que outros medicamentos não são eficazes.
- Tétano: Como parte do tratamento para reduzir espasmos musculares.
- Hiperatividade e agressividade em crianças: Quando outras abordagens não são eficazes (uso restrito e supervisionado).
- Insônia grave: Em casos específicos, devido ao seu efeito sedativo (uso off-label em algumas situações).
- Dor crônica: Como coadjuvante em algumas condições dolorosas.
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3. Efeitos colaterais comuns e por que eles acontecem
A Clorpromazina pode causar efeitos colaterais devido à sua ação no sistema nervoso central e em outros sistemas do corpo. Os mais comuns incluem:
- Sonolência: Decorre do efeito sedativo sobre o sistema nervoso.
- Boca seca: Relacionada à ação anticolinérgica do medicamento.
- Tontura ou hipotensão postural: Pode ocorrer devido à redução da pressão arterial, especialmente ao levantar-se rapidamente.
- Visão turva: Resulta da ação anticolinérgica nos músculos oculares.
- Constipação: Causada pela redução da motilidade intestinal.
- Ganho de peso: Relacionado a alterações no apetite e metabolismo.
- Reações extrapiramidais: Como tremores, rigidez muscular e movimentos involuntários, devido ao bloqueio da dopamina.
- Aumento da sensibilidade à luz (fotossensibilidade): A pele pode ficar mais sensível à luz solar.
Efeitos mais graves (raros):
- Discinesia tardia: Movimentos involuntários persistentes, geralmente após uso prolongado.
- Síndrome neuroléptica maligna: Uma condição rara, mas grave, com febre alta, rigidez muscular e confusão.
- Agranulocitose: Redução perigosa dos glóbulos brancos, aumentando o risco de infecções.
- Icterícia colestática: Amarelamento da pele e olhos devido a problemas no fígado.
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4. O que fazer a respeito dos efeitos colaterais
Aqui estão algumas dicas para lidar com os efeitos colaterais:
- Sonolência: Tome o medicamento à noite, se possível, e evite atividades que exijam atenção, como dirigir.
- Boca seca: Mantenha-se hidratado, masque chicletes sem açúcar ou use substitutos de saliva.
- Tontura: Levante-se lentamente ao mudar de posição para evitar quedas.
- Constipação: Aumente a ingestão de fibras e líquidos na dieta.
- Fotossensibilidade: Use protetor solar e roupas que cubram a pele ao se expor à luz solar.
Atenção: Informe o médico imediatamente se notar sintomas graves, como febre alta, rigidez muscular, movimentos involuntários ou sinais de infecção (febre, dor de garganta).
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5. Doses comumente utilizadas
A dose de Clorpromazina varia amplamente dependendo da condição tratada, da idade do paciente e da resposta individual. Doses comuns incluem:
- Esquizofrenia e transtornos psicóticos:
Dose inicial: 25 mg a 75 mg por dia, dividida em 2-3 doses.
Dose de manutenção: 200 mg a 800 mg por dia, ajustada conforme necessário.
- Transtorno bipolar (episódios maníacos):
Dose inicial: 25 mg a 50 mg por dia, podendo ser aumentada gradualmente.
- Náuseas e vômitos graves:
Dose comum: 10 mg a 25 mg a cada 4-6 horas, conforme necessário.
- Hiperatividade em crianças:
Dose inicial: 0,5 mg/kg por dia, dividida em 2-3 doses. Ajustada de acordo com a resposta.
Importante: Sempre siga as orientações médicas, pois doses inadequadas podem aumentar os riscos de efeitos colaterais graves.
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6. Perguntas Frequentes (FAQ)
Quanto tempo leva para a Clorpromazina fazer efeito?
Os efeitos sedativos podem ser percebidos em 30 minutos a 1 hora após a administração. Os benefícios completos no tratamento de transtornos psicóticos podem levar semanas.
A Clorpromazina causa dependência?
Não, a Clorpromazina não causa dependência química. No entanto, a interrupção abrupta pode causar sintomas de abstinência, como insônia, agitação ou náuseas.
O que fazer se eu esquecer uma dose?
Tome a dose esquecida assim que lembrar. Se estiver próximo do horário da próxima dose, pule a dose esquecida. Nunca tome uma dose dupla.
É seguro usar Clorpromazina durante a gravidez?
O uso deve ser avaliado caso a caso. Pode haver riscos para o feto, e o médico deve ponderar os benefícios e os riscos.
Pode ser usada em idosos?
Sim, mas com cautela. Idosos são mais suscetíveis a efeitos colaterais como tontura, sedação e hipotensão, e doses menores são geralmente recomendadas.
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7. Cuidados Especiais
- Evite álcool: O consumo de álcool pode potencializar os efeitos sedativos da Clorpromazina.
- Monitoramento médico: É importante realizar exames regulares para monitorar a função hepática, cardíaca e os níveis de glóbulos brancos.
- Não interrompa o uso abruptamente: A interrupção repentina pode causar sintomas de abstinência. Sempre reduza a dose gradualmente sob orientação médica.
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Resumo Final
A Clorpromazina é um antipsicótico eficaz para tratar esquizofrenia, transtornos psicóticos, náuseas graves e outras condições. Apesar de seus benefícios, pode causar efeitos colaterais, como sonolência, boca seca e reações extrapiramidais. Seu uso deve ser cuidadosamente monitorado por um médico, especialmente em idosos e pacientes com condições médicas pré-existentes. Em caso de dúvidas ou sintomas incomuns, procure seu médico imediatamente.
Referências
Stahl, Stephen M. Fundamentos de psicofarmacologia de Stahl : guia de prescrição – 6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019.
Cordioli, Aristides V. Psicofármacos : consulta rápida - 5. ed. - Porto Alegre: Artmed, 2015.
Goldberg, Joseph F. Psicofarmacologia prática - 1. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022.